Frase cliché, mas a pandemia fez mudar o mundo, o esporte e sua indústria para sempre.

Desde o começo da pandemia, vimos como o esporte mudou radicalmente e o torcedor/fã ficou sem poder ir nos estádios e/ou arenas. Já fosse pela TV, celular ou qualquer um dos dispositivos disponíveis se encontraram na frente de uma tela com um evento esportivo carente de vida. Os cenários esportivos parecem lugares fantasma sem a presença dos torcedores e fãs.

Os esportes, sem importar qual, foram e serão sempre enriquecidos e mais vibrantes por conta do apoio, da energia e da força de arquibancadas cheias de torcedores com caras pintadas, fantasiados, rindo, sofrendo e vivendo a paixão pelo esporte.

Inclusive, mesmo com a tecnologia tão avançada da qual dispomos atualmente, não tem nada que supere à experiência ao vivo proporcionada por um evento esportivo. Várias alternativas interessantes e válidas estão sendo utilizadas para suprir a falta de público nos cenários esportivos. Realidade virtual, realidade aumentada, hologramas, telões de LED, lives, aplicativos com tecnologias para engajar mais o público, mensagens de torcedores exibidos no meio do jogo, porém, todos sem chegar nunca a igualar a adrenalina gerada pela tensão do jogo ou o extase criado por um gol, cesta ou ponto decisivo no último minuto.

Todos sabemos que a pandemia do COVID-19 é responsável por isso. No dia de hoje mais de 2,6 milhões de pessoas faleceram (no Brasil mais de 278.000) e mesmo com o início da vacinação em muitos países, os resultados disso só serão realmente percebidos mais para o final de 2021 ou inclusive para o primeiro semestre de 2022 (principalmente falando de países do primeiro mundo).

Por enquanto, foram realizados alguns eventos com público, com diferentes protocolos e medidas de segurança, que logicamente trouxeram diferentes resultados em termos de saúde, risco e percepção para os envolvidos nos mesmos.

Acredito que devemos começar por um evento que é modelo a seguir dentro do mundo esportivo, o Australian Open 2021. As razões pelas quais isso é assim, não é so pelo protocolo imposto pela organização do evento, mas pelos protocolos de saúde do mesmo país que fechou as fronteiras com os outros países desde o dia 20 de março de 2020, registrando taxas baixíssimas de casos e consequentemente mortes durante esse último ano. No caso pontual do evento, os jogadores, staff e todos os envolvidos tiveram que cumprir quarentena obrigatória de 14 dias e seguiram uma logística rígida de transporte, alimentação, treinamentos, etc. Foi permitido a assistência de até 30.000 torcedores/dia, porém o total do público foi bem menor. Inclusive detectada a mais mínima mudança na taxa de casos na cidade de Melbourne, foi imposto um snap lock down de 5 dias para evitar que a situação piorasse. De 1.200 jogadores e staff que participaram do evento, registraram nove casos de jogadores testados positivos.

Outro caso do sucesso foi o registrado ainda em 2020 na Nova Zelandia, onde foram liberados jogos de Rugby com mais de 20.000 torcedores, devido a contenção bem sucedida do COVID-19, sendo um dos países com menor quantidade de casos e mortes até hoje.

No Futebol Inglês, conforme sinaliza o portal Goal.com, os estádios começaram a receber público a partir da primeira semana de dezembro de 2020 com restrições do nível 2, apenas 2 mil fãs seriam permitidos nos estádios da Premier League. No nível 1, este número aumentava para, no máximo, 50% da capacidade dos estádios, desde que não ultrapassasse os 4 mil torcedores nas arquibancadas, sempre respeitando as restrições dos governos locais. Porém, devido à segunda onda do COVID-19 os estádios estão novamente sem público.

Um dos exemplos mais polêmicos é o do Superbowl onde 22.000 pessoas assistiram o evento, sendo 7.500 profissionais da saúde devidamente vacinados. Isso sem mencionar o staff dos times e as pessoas envolvidas no halftime show e na organização do evento como um todo. Porém, os EUA é o pais com mais casos e mortes por Covid-19.

Mais um evento que gerou polêmica foi a Final da Copa Libertadores entre o Santos e o Palmeiras, que em um dos piores momentos da pandemia no Brasil autorizou a presença de público de até 10% (5.000 pessoas) da capacidade do estádio através de um decreto do Governo do Estado do Rio de Janeiro.

Muitos eventos estão em risco de não acontecer, outros serão bem sucedidos dando um direcionamento sobre como continuar sediando eventos esportivos com segurança e outros que assumiram riscos sem ter em conta o contexto atual de pandemia, colocando em risco quem faz parte direta e indireta deles.

O que é claro é que o esporte perdeu boa parte do seu brilho, da sua alma e é difícil enxergar eventos esportivos sem a volta dos torcedores e fãs para alegrar e agregar à essência do esporte com a sua paixão.

Vamos todos torcer por um mundo mais empático e bondoso. As pessoas e o esporte o precisam e o merecem!

Fontes:

Fontes: BBC Australia, Gazeta Esportiva, G1 Rio.